Por Luisa Rodriguez ·
Publicado pela primeira vez em inglês em 18 de junho de 2023
Traduzido, editado e adaptado pela equipe do Carreiras Eficazes, de modo a atender as necessidades das comunidades lusófonas com autorização dos produtores do texto original.
A ideia desta semana: ser rejeitado em empregos pode ser devastador – mas aprender a lidar com a rejeição de forma produtiva é uma habilidade incrivelmente valiosa.
Eu já fui rejeitada muitas e muitas vezes. Em 2015, me candidatei a dez programas de doutorado e fui rejeitada em nove. Após fazer um estágio de verão na GiveWell em 2016, não me ofereceram um cargo em tempo integral. Em 2017, fui rejeitada pela J-PAL, IDinsight e Founders Pledge (entre outras). Na mesma época, eu tinha tanto medo de ser rejeitada pela Open Philanthropy que desisti do processo seletivo.
Agora tenho o que considero um emprego dos sonhos na 80.000 Hours: posso apresentar um podcast sobre os problemas mais urgentes do mundo e como resolvê-los. Mas antes de receber uma oferta de emprego da 80.000 Hours em 2020, fui rejeitada por eles para um cargo em 2018. Essa rejeição foi a que mais doeu.
Ainda me lembro de verificar meu telefone compulsivamente após meu teste de trabalho para ver se a 80.000 Hours havia me feito uma oferta. E ainda me lembro de acordar às 5h da manhã, checar meu e-mail e encontrar a rejeição gentil e bem escrita – mas devastadora: “Infelizmente, não achamos que a função seja a certa para você agora”.
E me lembro de ter ficado tão triste que peguei um ônibus de cinco horas para ficar com um amigo para não ter que ficar sozinha. Depois de alguns dias me lamentando, reli o e-mail de rejeição e notei muitos comentários específicos – e um caminho promissor a seguir.
“Estamos otimistas sobre sua carreira em pesquisa de priorização global e achamos que você deve permanecer na área e adquirir experiência”, disseram eles. “Não vamos a lugar nenhum e poderíamos ser uma boa transição de carreira para você mais adiante.”
Segui o conselho deles e aceitei uma oferta de emprego na Rethink Priorities, que também faz pesquisas sobre prioridades globais. E um ano e meio depois, a 80.000 Hours me convidou para me candidatar a um emprego novamente.
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É difícil dizer o que teria acontecido se eu não tivesse me aberto à rejeição em 2018, mas parece possível que eu estivesse em um lugar bem diferente. Embora aquela rejeição tenha sido muito dolorosa, o feedback que recebi foi de grande ajuda para impulsionar minha carreira de pesquisadora. Acho que há uma lição importante aqui.
Para mim, a rejeição é um dos piores sentimentos. Mas se você é como eu, procurando trabalhar em pesquisa de prioridades globais em pequenas ONGs, ou interessado em trabalhar em outro caminho potencialmente impactante, ser rejeitado pode trazer benefícios inesperados:
- Quando você é rejeitado para uma função que você achou que seria adequada, você obtém mais informações sobre seus pontos fortes e fracos. Isso pode indicar se você precisa de mais capital de carreira ou se deve considerar diferentes tipos de funções ou caminhos completamente diferentes.
- Ao se candidatar a funções em um ecossistema no qual você deseja trabalhar, você aumenta o número de pessoas nessa área que o conhecem e que podem entrar em contato com você para futuros empregos — ou recomendá-lo para funções semelhantes em outras organizações.
- Quando você se abre para a rejeição e a supera, você aprende que pode tolerar sentimentos ruins e se colocar à prova novamente.
Mas isso não torna a rejeição menos dolorosa no curto prazo — tornando o aprendizado de lidar bem com a rejeição algo que vale a pena fazer.
Aqui está o que aprendi que me ajuda a lidar com a rejeição:
- Tento avisar meus amigos com antecedência quando estou me candidatando a algo e os informo sobre o resultado. Não esconder minhas rejeições de pessoas próximas a mim me ajuda a me sentir menos envergonhada e a obter apoio.
- Nem toda rejeição tem um significado especial ou é uma evidência de suas habilidades. A contratação é um processo imperfeito e impreciso em todos os lugares. Então, você será rejeitado com frequência sem nenhum bom motivo.
- Lembro-me de lições que aprendi na terapia – coisas como:
- “Se eu não estiver sendo rejeitada, não estou sendo ambiciosa o suficiente.”
- “Só porque eu não sou adequada para esta função, não significa que eu não possa agregar valor em outra.”
- “Essa rejeição dói, mas tenho orgulho de ter sido corajosa o suficiente para me colocar à prova.”
Após processar os sentimentos imediatos de tristeza, tento descobrir o que posso aprender com a rejeição, se houver algo. Acho isso não apenas útil, mas também fortalecedor – me faz sentir que posso transformar parte da dor da rejeição em força e crescimento.
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